DO CENTRO DO MEU MUNDO

Do centro do meu mundo

olhei.

Ainda era noite cerrada.

Havia uma janela

velha

já sem vidros

e do quarto-crescente

um sopro de luar entrava.

O meu mundo afinal

era um quarto imundo

a transpirar bafio,

tão arruinado e deserto

como eu.

Gritei

chamando as flores

e o Sol,

o mar

a música

os meus amores,

mas foi em vão.

Uma insónia cruel

me torturava

e me impedia de viver sonhando

o que acordado não vivia.

Leiria, Portugal

Orlando Caetano
Enviado por Orlando Caetano em 16/11/2006
Código do texto: T292845