Gerocídio

Minha poesia não tem geração.

Não tem nome,

linha ou propósito.

Minha poesia não é de fatos, nem de verve.

Não é conjunto e nem sozinha;

não tem paixão ou filosofia.

É amórfica. Informe:

Papéis recicláveis são usados

para arrastar resto de bosta pelas bundas.

A poesia não é baudelariana e nem

bacante, amante torpe do cansaço

que é estarmos.

A poesia não é estado ou status.

Ela nem sequer sabe que é,

ou seja, se algo é. É?

Nasce do canto mais fundo e gelado

da alma febril e pálida do absurdo

que nos mostra o lado de fora.

Adlonge como o quê. Ao longe, como se enxerga.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 26/04/2011
Código do texto: T2931851
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