Sagrado feminino
O que há de primitivo em mim: despertas.
Tambores ressoando num batuque terreno
Acordam em todas as coisas o obsceno.
O corpo: músculos em contração;
A alma: êxtase de paixão.
Giros e cantos, tonturas sem fim. Incertas,
As mãos atraindo o que é matéria,
Etérea, a vida escorrendo por sobre mim.
Os pés levantando o pó desta esfera.
Os ciclos, os riscos. Mistério.
Em eloquência esqueço qualquer decência
E me entrego à Mãe Natureza:
A Grande Deusa a me governar.
Nenhum pensamento sequer,
Nem um só raciocínio.
O corpo, somente. Desejo e fascínio.
Sonhos incertos, caras obtusas.
Milhões de metros andei...
E vi coisas obscuras. Puras.
Sonhei desertos castelos.
Vi o Sol, amarelo. E vi a Lua.
Espelhos, águas, loucura.
Inscritos num corpo de mulher. Nua.