A Primeira Orquestra

O cheiro do café invade meu quarto fazendo cócegas no meu nariz e desperta-me de uma noite de sono tranquilo.

Feixes de luz dançam entre os tecidos da cortina, embalados pela brisa leve e suave da manhã.

Meus olhos preguiçosamente se abrem e em meus pensamentos pode-se escutar o "bom dia" da vida que se renova.

Estico meu corpo como se quisesse alcançar o infinito e ele agradece meu gesto com um grande e largo bocejo.

Os meus pés tocam e riçam o tapete felpudo provocando cócegas e risos tímidos.

Vacilante meu corpo ergue-se... Pequenos e discretos estalos das articulações avisam que tudo está em equilíbrio para os primeiros passos.

O cheiro do café...

O barulho dos vasilhames...

O cantarolar da vizinha desafinada em contraste com a canção do bem-te-vi...

O som da água que hidrata as plantas da varanda...

O cheiro da grama cortada vindo do jardim...

A olência do pergaminho novo, misturando-se com o cheiro do meu quarto... Sempiterno!

É a manhã que se anuncia como uma orquestra. Em perfeita sincronia com os sentidos: olfato, visão, paladar, tato e audição.

Orquestra que se apresenta todos os dias, bela e afinada para os que desejam senti-la.

Danielle Faria
Enviado por Danielle Faria em 28/04/2011
Código do texto: T2935495
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