Comunhão

Este é o meu corpo

Que será entregue a todo olho

E dito em toda língua.

Será regurgitado e mastigado.

Murmurado em breves sussurros

Envergonhados e rubros

De meu sangue que pinta e transfigura,

Ao escorrer da ideiajunta.

A branca tez que me absorve

Afogarasse no vinho barato

Que de minhas veias ferve

Feito a verve que não julgo

E que não sei se existe.

Sei que existo, no momento em que canto.

E que não tenho sentido ou chave,

Seja visto deste ou daqueles cantos.

Vivo intocável e possível na inexistência,

Sobrando framemente da seletiva estrutura

Caligráfica e limitada que permite, projeta e parte

No contato com os olhos; no instante em que se fala.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 28/04/2011
Código do texto: T2936145
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.