Aranhas [...]

Enveneno tuas teias embebidas de fome e frio no breu da corte vil

E na languidez sublime me comeste o cérebro ruivante sufocar-me!

De dentro do beco sujo de origens que te tece de linhas bucólicas

Agarra-te nas sombras de corpos que desfiam na sede sem ar

Tempera tua dança em pernas afinadas de temperamento carnal

Escorre nas paredes úmidas tua ironia ríspida e encaixa no nada

Lateja a gosma do teu amanhecido veneno nas entrelinhas acorda

Escova os buracos, as alcovas, as entradas sem entradas de saída

Lentamente de impactos súbitos envolve minha mente anacróticos

Entrelaçados de vultos aracnofobicos sujeitos a aversão do toque

Medo tridimensional digerido irracionalmente em estado de choque

Bloqueia meu corpo de movimentos expressivos e me prende em ti

E na luta de milhares de pernas dançando em fios finos gritantes

Enrosco-me no gosto de suas pernas abertas em fogo soluçantes

Aranhas de meu eu nascidas das entranhas das virgens fêmeas

Dorme na insanidade de tuas teias e seja dança oferecida a pó.