OS DONOS DO MUNDO
eles são
os donos do mundo
e pisam sorribundos
os azulejos da memória
inundada
de palavras surradas
e se
mais tento juntá-las
(para escrever um poema
mais tentam espalhá-las)
quebram
o candelabro das palavras
e riem dos urubus
da minha tristeza
arrancam
as vísceras dos versos
e desprezam os corvos
da minha solidão
e
mesmo sem temer
as najas do meu ódio
dançam
como o jovem salmista
dançou diante da arca
partem
arranhando as lajes do dia
esgarçando a pele do tempo
deixando-me
neste chão calcinante
achatado e tonto
como uma barata baratetizada.
Joelson Gomes da Silva