OS DONOS DO MUNDO

eles são

os donos do mundo

e pisam sorribundos

os azulejos da memória

inundada

de palavras surradas

e se

mais tento juntá-las

(para escrever um poema

mais tentam espalhá-las)

quebram

o candelabro das palavras

e riem dos urubus

da minha tristeza

arrancam

as vísceras dos versos

e desprezam os corvos

da minha solidão

e

mesmo sem temer

as najas do meu ódio

dançam

como o jovem salmista

dançou diante da arca

partem

arranhando as lajes do dia

esgarçando a pele do tempo

deixando-me

neste chão calcinante

achatado e tonto

como uma barata baratetizada.

Joelson Gomes da Silva

Joelson Gomes da Silva
Enviado por Joelson Gomes da Silva em 04/05/2011
Código do texto: T2948148