REFLEXO

Exprimo e sou expresso

Espremo a expressão

A palavra me olha. E ri.

Existia antes de mim.

Sou apenas expiração.

Desprendida da matéria

vive a ideia e já não me pertenço.

Verifico-me no que ali está.

Leio a arte. Já não sou eu.

É-me estranho aquele que me escreve,

muito embora, seja íntimo do poeta

aquele que é expresso.

Mais ou menos me escrevo;

Mais ou menos me anexo;

Mais ou menos me projeto;

Mais ou menos sou excesso.

Mais ou menos é quase sempre.

Toda alma tem esse movimento pendular.

E nenhuma nos pertence.

A sua - não é sua propriedade.

A minha alma, que não é minha,

ensinou-me a viver sem a ilusão tê-la.

Me faz movimentar; Faz meu sangue

percorrer quilômetros; Mas não se prende à carne.

A carne é que tem o constante desejo de se prender

eternamente à vida, criando uma espécie de sofrimento.

“A minha alma, que não é minha, - dela sou eu -

poeta e dita. Adora poetar.

Tenho orgulho de vê-la em liberdade.

E digo ao mundo, de peito aberto:

«Uma alma livre, tem o nome de felicidade»”

Honório Roque
Enviado por Honório Roque em 04/05/2011
Reeditado em 07/05/2011
Código do texto: T2949302
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