ESTALEIRO

Chico Steffanello

Nosso porto vazio

Recebe açoites do mar.

Trovejo de ondas na noite fria

Vestem a praia vazia

Com extensos colares de alvas espumas:

Estuário de longo viajar.

Em pensamento estendo a mão

E digo: vem!

Dar-te-ei o meu colo

Onde deitaras a tua cabeça e

Acariciarei tua fronte,

Não sentiras frio...

Te direi dorme, minha irmã.

Eu velo o teu sono para que um dia despertes

O teu olhar para os meus olhos cansados...

E me digas: venha,

Há sossego para a tua alma no meu regato...

Por que haverá o dia em que, nem eu, nem tu,

Precisaremos de quem nos embale

Para nos aliviar de nossos fardos

E acordaremos correndo como crianças,

Iguais a adolescentes,

Não conhecendo os limites dos nossos corpos,

Nem de manhã,

Nem à tarde e nem à noite

Que será sempre aquela que recém começou...

Seremos o nosso próprio sabor

E nossas vozes serão iguais a

Cânticos em línguas indizíveis.

Em nossas paralelas, de tão próximas,

Correrão faíscas de pura energia, do agora, no agora...

Seremos harmonia no nosso mais bendito caos...

E, pondo-nos a dançar,

Dançaremos um vôo, sim, um vôo,

Valsa de aves livres dançando por recônditos de almas:

Seguras a minha mão...

Por vezes te levo

E por vezes me deixo levar...

Como fazem entre si o mar e a terra...

Deixarei levar-me em vôo de vertigem,

Do céu às areias do mar...

Caçarei tua diáfana presença para ouvir o teu riso

E ver teus pés moldarem

Nas areias brancas de espuma do mar,

Em rodopio, presa pela cintura,

Passo de dança.

Não tentes minha boca...

Por que conhecerás toda a plenitude do leito

Feito da areia do mar

A servir-te de vertigem,

Rodamoinho de estrelas:

Encontro de menino e menina na beira do mar...

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 30/01/2005
Código do texto: T2958
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