O que resta de mim
 
O meu coração é d’ouro.      
     
Ele não se deixa vencer.
Continua bem fiel
a esse velho papel
de mostrar ser resistente.
Escondido atrás dum cenário
de muitas lamentações,
anseios, palpitações,
vai–me deixando viver,
carregando este meu corpo
e as asneiras que ele faz.
Tem-se mostrado capaz
de deixar que viva ainda.
Vá-se lá saber porquê!
 
A minha mente é de prata.
Consciente da verdade
dum destino irreversível,
que sabemos impossível
de evitar ... está serena.
Luta contra todo o mal.
A minha força é de cobre,
numa alma muito nobre,
vai mantendo a pretensão
de querer continuar
a remar contra a maré,
e a continuar de pé.
Não nasci p’ra desistir.
Nasci teimosa, e então?
 
Minha vontade é de ferro.
Escondo no meu sorriso
e nesta aparente calma,
a dor que me vai na alma.
Mesmo quando o corpo dói,
não dou o braço a torcer.
Vivo como uma criança
que não pára, que não cansa.
Porque havia de parar ...?
Aprendi a defender-me,
nunca soube desistir.

Meu coração, mal ou bem,
não deixa de resistir,
a muita coisa que vem,
e outras que vê partir.


Maria Letra
Enviado por Maria Letra em 10/05/2011
Reeditado em 11/01/2012
Código do texto: T2961542