Quando a noite chega

Quando a noite chega

Quando firme a noite chega

Pensando, fico sozinho

Que será de ti amor

Tão longe do meu carinho

A noite, sombria e triste

Minha tristeza acompanha

Ao amor, ninguém resiste

Tão grande sua façanha

Alta noite, solitário

Alma serena, pensativo

Levanto a carpir meu rosário

Versando amor positivo

São noites intermináveis

Iguais e desconhecidas

Procelas imagináveis

De uma noite mal dormida

Fito o céu, nenhuma estrela

Nem o luar aparece

A tristeza se encapela

O temporal me entristece

Ó noite, escondes a vida

Escondes o meu amor

O crepúsculo dá guarida

Onde expira o Sol maior

Silêncio... a hora é mística

Tento rezar, mal consigo

A poesia é artística

Preenche as horas comigo

Só ao despertar do Sol

Volto de novo à vida

Renascendo ao arrebol

Oh! Alvorada esculpida

Quando húmidos do sereno

Os pastos se apresentam

Volvem os chilreios, sem treno

E minha alma acalentam

Surge o céu, cheio de Deus

Nas cores do Sol, ouro puro

Seu lume perfuma os céus

No pomar, fruto maduro

A noite dá a despedida

Surge a claridade em troca

Bago a bago, é comida

A alimentar nossa boca

O aroma, entra nas veias

Sustenta minha ferida

Só tu amor incendeias

As noites de minha vida !

Pernoitas em mim amor

Desde o apagar das candeias

Até que o Sol redentor

Vem despertar minhas veias

Ó noite, eu te amaria

Se pudesses alijar

O amargor de cada dia

Que à noite passo a fitar

Tu incutes o pavor

Quando sem estrelas e luar

O nada exprime melhor

O que eu possa pensar

Prostrado, apavorado

Recuo meu pensamento

Fico quieto, desolado

Perdido neste tormento

Pareces irmã da morte

Nas tuas horas sombrias

Vagarosas, sem suporte

E cheias de fantasias

No oráculo de teu fado

Quantas lágrimas vertidas

Desculpa ter-te lembrado

Das inúmeras despedidas

É imenso o funeral

Imensos sonhos perdidos

Seria sina crucial

Se fossem mal entendidos

Volvendo às horas de sono

Recompões nosso sentidos

Porém, se o abandono

Descansos, ficam perdidos

Em ti, o mundo descansa

Na inalterável desvaria

Novo dia, nova esperança

Novo Sol nos alumia.

Os teus inúmeros mistérios

Nos abismos silenciosos

São sublimes, são etéreos

Impassíveis, dolorosos

Surge casta a madrugada

Vibrante, força e calor

Impera a luz imaculada

No universo, esplendor

Vida sempre renovada

Cheia de fé e esperança

Aguardo-te, minha amada

Com toda perseverança !

Porangaba, 17/05/2011

Armando A. C. Garcia

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