"O que me dói são essas coisas lindas que nunca existirão"

Já disse Pessoa

Em um dos versos mais memoráveis

O título que acima se lê

E que não nos deixa confortáveis

Dói mais que inverno

Aquele frio à carne a bater

Ver aquele mesmo ser humano

E lhe negar o sentimento

Mais sublime deste mundo

São essas pessoas

Que não se abatem com o sofrimento

Do outro ou de si próprias

E fingem dentro de seus casulos

Que nada se passa, que nada as incomoda

Tenho certeza que algo flui

Algo flui, mas está preso

Pelos longos anos que foram se passando

Que vão transformando dias claros e frescos

Na mais triste e angustiante aurora

Que houve com ele que agora

De repente, em um ímpeto resolveu

Preocupar-se com a "próxima", a negada

Que tanto a ti se comprometeu

O que nunca existirá é triste, é irrefutável

Esperamos algo e isso jamais se concretiza

Não há nada que seja mais lamentável

Que uma pessoa apática e vazia

Daiane Cristalina
Enviado por Daiane Cristalina em 17/05/2011
Código do texto: T2976036
Classificação de conteúdo: seguro