Rumores passados
Tempos atrás, me dediquei por escrever cartas.
Algum dia desses, publiquei uma carta nunca lida, muito menos enviada.
Tão profundo era o sentimento pelas linhas traçadas a lápis, e tão dolorosos ao mesmo tempo, que nem eu mesma sabia se me pertencia.
Ora, é até engraçado olhar para trás.
O importante mesmo é a coragem de olhar para trás e sorrir,
depois de tudo que machucou judiosamente e passou.
Minha carta nunca lida, talvez nunca será lida por quem a ela foi escrita,
talvez ou nunca.
Sei que é preciso tempo, o tempo passou,
enfim tive essa coragem que me faltava de mirar aqueles retratos,
referir-me um sorriso ,
de ler tais sofrimentos e de decifrar aquela alma que nunca me pertenceu.
Vivo cercada por “talvez”. É, talvez esses “talvez” é que completem minha felicidade.
Não sei se por um tempo pensei que não poderia ser outro ser, ao menos soubesse...
Pensei jamais sorrir novamente, pensei jamais decifrar felicidade.
Pensei eu, que aquele ser me fazia tão bem, que não sabia eu, que o bem, era o mais mal possível, ao passarem despercebidas por mim mesmo, minhas lágrimas ao mirar tal ser.
Só mesmo o tempo, nada mais além dele pode curar. Só mesmo vivendo para buscar provas e indícios de tal afirmação.
Pensei jamais me curar.
Porém, curei-me tão docemente, que não me cabe o mel do egoísmo que me continha.
Amei quantas vezes eu quis.
Escrevi muros de cartas nunca lidas.
E aprendi que não importa a intensidade com que amamos,
Importa, a forma como amamos.
Se não foi nosso, é porque realmente não nos pertencia, ou simplesmente o destino que nós mesmos traçamos, não traçou o caminho para essa porta se abrir.
Muito menos importa a dor que passamos,
Importa, a forma de enfrentarmos ela.
Quanto menos nos martirizarmos, seremos sempre mais fortes.
E esses rumores? Talvez, nem eu mesma entenda!
Marinara Sena
17:05pm
21/05/2011