AZIÁ NA MATA

Aziá na mata pia na vazante do rio

Pia de dó do sabiá, do rouxinol, da ave-mãe

Pia feliz de seu jaó a mata virgem

Se seu cantar é triste a mata chora

Macaco alerta pelo choro se arvora

Pula nos galhos dessa mata tão chorona

A cantilena de outros bichos vê-se agora

A capivara também chora mata a dentro

O coração da mata pula e grita

Os morcegos se agitam pelos becos das encostas

A tormenta precipita pesada na enxurrada

Carregada de raios e trovões arrazadores

A bicharada se protege pelas tocas

A boiada se junta por baixo das árvores do cerrado

O pasto vazio o coração vazio molhado por dentro

A chuva nos olhos cai silenciosa

Sem relâmpagos, chispas, coriscos

E a borrasca faz Aziá piá na mata cheia

Sem chorá prá pendengá jaó de canto triste

De peito rassgado de unha jorrando vermelho de sangue

Em volta da mata pisada de pata do bicho arredio

E agora jaz o seu corpo no solo molhado e frio

Transpassado por lança fatal do guerreiro caçador

Depois da luta na mata volta o silêncio

A chuva verte ritmo mais lento

O calor é forte o ar úmido suarento

Volta a voz do vento a voz da mata

O canto dos pássaros os gritos dos bichos

O piar da Aziá na mata cheia prá provocsá

Jaó de canto triste longo parece até de dor

Ou de saudade arrastada pelo vento, pelo tempo.

JHS/LÚCIO 30/11/03

BARUC
Enviado por BARUC em 23/05/2011
Código do texto: T2987699
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