A lua.

Hoje, a lua atreveu-se a mostrar-se inteira...

Desenhou-se sobre o mar,

fugindo de nuvens que a escondiam.

Cheia como os corações que irradiam amor,

debruçou-se intocável por sobre as ondas que,

mais faceiras,

em prateadas espumas desencadeavam paixões

e exibiam-se sob aqueles raios

em fosforescentes misturas de azuis.

Não a vimos juntos,

mas senti que guardaste este momento só para nós...

Debatiam-se as últimas cores do entardecer,

como bailados desafiando a natureza

e ela, límpida, nua, grandiosa em majestade,

rompeu, finalmente, pelo infinito,

como a chamar poesia.

Despedia-se o dia para homenagear a noite.

Chamei as gaivotas no ocaso,

insisti para que desfilassem vôos,

em soberanas magias de homenagens ao pôr-do-sol.

Convoquei a brisa para desencadear um bailado

e reverenciar a lua.

Houve um choque entre a beleza do astro-rei,

que se deitava preguiçosamente num horizonte,

e da enamorada princesa noturna

que surgia plácida e meiga,

no oposto daquela imensidão,

já acompanhada por um séquito de estrelas brilhantes.

Deus permitiu-nos o espetáculo.

Eu no sul, tu distante em algum vento mais ao norte...

Como em oração,

extasiei-me à maravilha da criação

e pedi aos anjos que te trouxessem,

um pouco que fosse,

para compartilhar, em sonhos,

da caminhada que empreendi pensando em ti.

A areia riscou-se à minha passagem.

-Só ficaram as minhas marcas.-

As tuas, carregadas pela distância,

nem a saudade as trouxe...

Um dia, quem sabe, caminhemos juntos... (IDA)

Ida Satte Alam Senna
Enviado por Ida Satte Alam Senna em 23/11/2006
Código do texto: T299191