Gerações-Girassóis (Outro Tempo)

Outro tempo, outra era

As mãos trêmulas e a pele fina

O rosto enrugando um sorriso ainda gera

Nos ossos fracos a força esvaída

Do belo moço dos jardins que já não era

Sua bela Eulália

Há muito havia partido

Deste mundo entristecido

De humanidade degenerada

A 1ª após o amor

Não deu tanta importância

A 2ª quis saber

De onde vinha tal fragrância

O velho num suspiro

Encheu o peito de Amor

E explicou sem tropeçar

Era o perfume de sua amada

O angelical olor

Que eles sentiam no ar

Riram-se os mancebos

E o chamaram “safadinho”

“Borrifaste o perfume dela

pra senti-la bem pertinho?!”

Cabisbaixo, porém risonho

E nenhum pouco acanhado

O ancião negou veemente

O perfume já tinha acabado

Nem era mais fabricado

Os jovens ficaram descrentes

Sentado na cama arrumada

O velho olhando pro nada

Diz: “Eu a sinto! Está aqui!”

O olhar dúbio dos jovens

Não entendia o que se dava

“Estará nosso velho senil?”