De manhã

Bem, como a rotina diária da viagem de uma hora e meia dentro de um ônibus não me cansa, eu olho tudo.

Eu apenas observo.

Eu vejo a cidade despertar;

Tal como uma meretriz em fim de noite

No céu ainda jaz o luar

A paisagem e o clima são quase um açoite.

Vejo a luz do cabaré acesa

Mulheres se oferecendo de bandeja

Luz vermelha por natureza

Um outdoor de banda sertaneja

Um menino que fuma crack debaixo do viaduto

Morrendo aos poucos,

Destino de muitos.

Matar ou morrer?

O jeito é vestir luto.

O lugar de becos e vielas

O cinza dos prédios imponentes

Que contrasta com as favelas

Todos pensam ser importantes;

Mas não passam de impotentes.

Um homem com algo na mão

Que não se sabe o que é...

Um homem que dorme no chão

Um homem que quer ser mulher.

E o ônibus vai correndo,

Vai seguindo seu caminho

Penso ser eu a correr ao invés dele

Deixando tudo, seguindo sozinho

Largar de vez essa vida que tinha

Investir em uma nova empreitada

Iniciar uma nova jogada,

E torcer para achar a minha

Minha querida, meu amor, minha paz

Você faz idéia de quanto bem me faz?

Por ti secaria o São Francisco,

Escalaria o Himalaia!

Enfrentando todo o risco.

Tudo isso sonda a minha cabeça,

Dentro do ônibus, indo para a Vila militar

E não importa o que aconteça,

A minha hora Há de Chegar.

Marcos Tinguah Vinicius
Enviado por Marcos Tinguah Vinicius em 27/05/2011
Código do texto: T2998009
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