Orgasmos

Orgasmos

Angélica T. Almstadter

Vem como um delírio esse desejo

Essa fome essa falta de beijo

Sob a luz tênue do candeeiro

Embriagar meu corpo seresteiro

Cada palmo do corpo que se agita,

É uma saudade que grita,

Uma volúpia doce e desmedida,

Aflita, que busca uma saída.

Meu corpo esquecido confessa,

No silêncio da penumbra sem pressa,

A explosão cerrada entre dentes,

Da carne, em apelos frementes.

Percebo entre luzes meu cortejo,

Em notas simples do realejo,

Deixo escapar no grito do espasmo,

O torpor que com delicadeza plasmo.

Se encaixa nos meus lábios um nome,

Em alto e bom som se consome,

Devorado no calor da febre mecânica,

Na torrente da lava vulcânica.

Um após outro, em torvelinho,

Se perdem no meu corpo em desalinho;

Acalma os frêmitos em doçura,

E repousa na paz da candura.

A lacuna aberta, um momento e a loucura,

Pedem silêncio para gritar a jura,

Apertada e contida em segredo,

Se desfaz em lágrimas e medo.

Pode dormir agora ao relento,

Rabiscar em prosas e no vento,

A esperança opaca e quase escondida,

A mesma que se entregou sem medida.

Corre pelo corpo em aflição,

O desejo que amou na contramão.

Quantas janelas pode ter um coração?

Se pela porta só passa a razão.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 30/01/2005
Código do texto: T3001
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