SUBENTENDIDO

Chico Steffanello

Entre as linhas de um poema

Deixei um espaço em branco,

Vazado,

Vidraças quebradas...

Por onde se via

A estação de trens

E seus pesados cargueiros manobrando

Na alta madrugada cheia de silêncios.

Via-se, também, figuras notívagas

Esfregando mãos enregeladas

Com bafios brancos entre gestos de comando,

Ombros levemente curvados

Acendendo cigarros,

Movendo chaves,

Ligando trilhos a outros rumos

Por onde, rangendo, lentamente,

Rodas moviam-se

Arrastando blocos escuros noite adentro.

Tantos foram os ferros batendo,

Tantas foram as noites em que

Tantos trens partiram que,

Em um deles,numa delas,

Correu atrás e saltou

Aquele que sonhava em ver

O sol nascer além daquela linha...

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 30/01/2005
Código do texto: T3009
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