SUBENTENDIDO
Chico Steffanello
Entre as linhas de um poema
Deixei um espaço em branco,
Vazado,
Vidraças quebradas...
Por onde se via
A estação de trens
E seus pesados cargueiros manobrando
Na alta madrugada cheia de silêncios.
Via-se, também, figuras notívagas
Esfregando mãos enregeladas
Com bafios brancos entre gestos de comando,
Ombros levemente curvados
Acendendo cigarros,
Movendo chaves,
Ligando trilhos a outros rumos
Por onde, rangendo, lentamente,
Rodas moviam-se
Arrastando blocos escuros noite adentro.
Tantos foram os ferros batendo,
Tantas foram as noites em que
Tantos trens partiram que,
Em um deles,numa delas,
Correu atrás e saltou
Aquele que sonhava em ver
O sol nascer além daquela linha...