No dia em que morreu um poeta

Quando à noite, a sós, o céu contemplo

vejo que nada, aqui, já é perfeito

e penso

que é tal qual um profanado templo

neste Mundo insatisfeito.

Nem a lua no seu brilho

nem estrelas já cintilam

como dantes...

a luz do astro eleito

parece, às vezes, ter mesmo menos esplendor

por entre outras estrelas incandescentes

ao ver morrer aos poucos

este Universo imperfeito.

Desmoronam-se as dunas do deserto

consomem-se as areias em mil clarões

e na lonjura da planície tão distante,

mas tão perto,

o ribombar medonho dos canhões.

Rebentam mil granadas

e outras tantas há ainda por gastar

no coração dos países que a dor consome.

Vinga o luto de dor nos filhos órfãos

e vence a fome.

- ao poeta surrealista Mário Cesariny, no dia em que morreu (26/11/2006)

Alvaro Giesta pseud

Alvaro Giesta
Enviado por Alvaro Giesta em 26/11/2006
Reeditado em 26/11/2006
Código do texto: T302195
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.