OUTONO

Não quero que teu rosto desapareça no tempo,

Não quero esquecer o som de tua voz.

No outono as folhas caem,

Sem querer elas caem,

Revivendo no ciclo da natureza

E revelando-se em novas estações.

Eu, folha,

Quero resgatar do seio da terra teu âmago,

Buscar tuas pegadas e reconduzir no tempo presente

Os retalhos de algo de bom que restou do passado,

Revelando novas estações.

Eu, folha,

Preciso multiplicar por mil vezes teu rosto angelical,

Não posso esquecer tua voz.

Quero-te eternizada na saudade que me consome.

Não te esqueças de mim:

Rebusca na memória

Algo que restou de nossas vidas

Eu, folha.