A TERRÍVEL ESCURIDÃO DA LUZ

(Vinde a mim todos os que estão cansados e apagados e eu vos acenderei.)

Tudo que se move,

pássaros e guisas de vento,

mesmo nas funduras do tártaro,

é luz.

Na revelia profunda

da carcaça

há luminárias,

brilho persistente

como o soar de pífaros

na noite

nos iluminando o fundo

fosco

dos olhos.

Desde o dia,

molhado em trevas,

que se abateu

sobre o esteio do paraíso

bailando nas asas do pássaro (...)

A luz acompanhava a carne

(...)

E talhava rochas,

e rangia tambores,

e visitava a beleza/nudez

e se comovia de horrores.

Antes,

muito antes

do grito e da fome

da terra;

da letra em forma

de cunha

sobre o pergaminho

árabe.

Antes (mesmo),

Deus, muito antes

da verticalidade (?)

do homem e do

(du)elo perdido

a luz habitava

e já se personificava

nos olhos do pombo

na extraordinária arte

de se extrair

serpentes incendiárias...

Porque

tudo que se move

é verbo;

tudo que é verbo

é alfa

que se compactou em pó

de esfinge

habitando no silêncio

das pirâmides.

Tudo que é pó é luz

mesmo metamorfoseado

em ofídio,

cuja luminiscência

é o medo

nos rostos

deformados,

surgindo da própria

escuridão do ser,

na interna capacidade

de reproduzir abismos (...)

No ígneo

é onde estamos

submersos de luz.

Luz que vive,

teme e clama!

Essa luz

que habita

sob a visão

da imagem, incauta

ao prisma do juízo.

Gedeon Campos
Enviado por Gedeon Campos em 11/06/2011
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