Burrice Aguda
Agora vou dizer adeus
Dizer adeus a todos vocês
Eu os amei tanto
Quando eu fecho os meus olhos
Eu vejo vocês
Cada rosto assim
E um mundo distante que não voltará
Mas não lamento mais a distância
Porque lutei de todas as formas
De todas as formas humanas para
Mostrar o que havia de melhor neste mundo
E quando todas as minhas armas falharam
Voltei a ser o que sempre fui
Meus pés tocaram em cada armadilha forjada
E o sangue escorreu dos meus pés feridos
Quando estive no mundo escuro
Onde você quis que eu vivesse
Está na hora de confessar a verdade
Você planejou tudo isso
Cada detalhe...na sua ância de destruir
A semente depositada no solo
Mas não sabia...
Que a semente já tinha penetrado no solo
Que surgia forte com seu tronco, seus galhos
E estendia suas folhas ao vento
Não sabia
Que ela pertencia
Ao Senhor dos mundos
Realmente muitos seres humanos sofrem de burrice aguda
Passam por mim...seus rostos
Um por um...um por um
Suas flechas um dia me feriram muito
Porque os seus ouvidos surdos não ouviam
Porque os seus olhos cegos não podiam ver
O que eu estava fazendo aí do lado de vocês
Mas eu continuei a viver
E me deram a mão
Pessoas... os considerados ruins
Os considerados impuros
Os considerados normais
Os bêbados...os desesperados
Os drogados..os meninos de rua
Os índios longes de suas trilhas
Os pobres coitados como você costuma dizer
O que você nunca pode compreender
Foi porque eu escolhi a companhia deles
Claro, o amor não faz parte da sua vida
Você poderia sentir amor por um bêbado caido na lama
Todo sujo dormindo na porta da igreja?
Claro que não
Porque foi você quem o colocou lá
Não eu
Eu apenas estou no mundo
Sentindo todas essas dores no meu peito
Tendo que ver tudo isso
Porque você quis assim
Não nasci para esse mundo
Mas vivo me adaptando o tempo todo
Como o pão caro e todos os seus impostos
Vivo no mundo capital
No mundo das cifras
No mundo das cinzas
No país do carnaval
Na nova babilônia
Na torre de babel
E minha garganta foge todo dia
Da guilhotina
Porque eu conheço a essência
Da sua entorpecência
Conheço o fel
Que descarrega nos meus filhos
Os desavisados
Escravos da moda
Dependentes das suas drogas
Cada vez mais baratas e letais
Dos cigarros paraguais
Das ansiedades, das fobias
Das vaidades infiltradas nos cérebros desavizados
O que a sua burrice deslavada não é capaz de perceber
È que eu bebi o vinho da sua ignorância
Apenas para te conhecer melhor
Agradeço sinceramente
Ter que dizer Adeus
Fique com seus filhos
Que eu fico com os meus
Adeus
16:28