Baús

Tu voltaste, eu volto a Minas

segredo que puxa sina

um eco a mais no ar

soma de menos no olhar.

Tu te esvais liquido vivo

há séculos em dor arábica

chovendo em meu coração.

Esmero tanto em ser mera

calda de adjetivo

enquanto eu, substantivo,

parto as partes do meu dia

em verbos de ações silábicas.

De amor, teus adereços

cheiram a naftalina

baú, donde egressos

guarda caverna e mina.

Tu voltaste, eu volto a Minas

memória puxando sina

um eco a mais no ar

soma de menos no olhar.

Rasga-me dor indecisa

e em queda livre me viro

em cachoeira incisiva.

Não me contenha em meu giro

se me piro não detenha

a paz do fogão à lenha

a chamar a chama em torno

biscoito de goma ao forno.

De minhas venturas parcas

guardo papéis de bala

emoções que empilho em arcas.