acampamentos

Céus! A Ilha do Mel é linda!

De onde estou posso ver o mar e a praia

no mar os pequenos barcos ancorados

na praia os urubus se refastelam com as sobras dos pescados

Cuidam da parte que lhes cabe na limpeza do paraíso!

Deveria ser transformado em santuário este lugar

Nunca território estratégico em caso de alguma guerra

Aqui ainda sobrevivem abelhas e homens silvestres

Já não tão puros assim os homens!

Ilhados ficamos mesmo meio tontos, meio loucos

enfim, em qualquer lugar construimos nossos infernos

nossos paraísos

Meia dúzia de homens lutam para manter as geleiras na Groelândia!

Milhões lutamos para o derretimento delas

- e o desaparecimento de muitas ilhas -

É intrigante não ser fato o contrário

Vivemos sonhando, ainda!

Fingimos descaradamente não saber o que fazemos

tão absortos estamos em nossos sonhos

de sobrevivência e grandeza

E nos embrenhamos vida a dentro!

Como se entrássemos na mata

esperando chegar - com vida ainda - ao outro lado dela

sem pensar no risco de sobreviver tendo água até as orelhas

Estamos assim, a gente decide e depois sangra!

Meados de maio, meados de junho

época de desova para as tainhas

época de pescaria farta para os humanos

Elas as tainhas não têm idéia do que as espera ao passarem por cá

ou têm, não as conheço, ainda!

O jardineiro Gabardo é um olheiro da tropa

é ele quem avisa da passagem do cardume

é ele quem tem o próprio nome fazendo jus ao evento

Uma questão de sobrevivência para os pescadores, ele me diz

Uma questão de sobrevivência para os peixes, eu lhe digo

Estão todos muito orgulhosos de si mesmos

Coisas de uma boa farra!

Eu, com o coração e vulva sangrando - cada um a seu jeito -

Deveria ter mais um coração - não tenho -

então preciso aprender com a loucura dos homens

e com essa saudade, asfixiante!

Já me preparando espiritualmente e à bagagem

É chegada a hora de levantar acampamento

migrar, ir ao sol!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 15/06/2011
Reeditado em 09/07/2011
Código do texto: T3036709