acampamentos
Céus! A Ilha do Mel é linda!
De onde estou posso ver o mar e a praia
no mar os pequenos barcos ancorados
na praia os urubus se refastelam com as sobras dos pescados
Cuidam da parte que lhes cabe na limpeza do paraíso!
Deveria ser transformado em santuário este lugar
Nunca território estratégico em caso de alguma guerra
Aqui ainda sobrevivem abelhas e homens silvestres
Já não tão puros assim os homens!
Ilhados ficamos mesmo meio tontos, meio loucos
enfim, em qualquer lugar construimos nossos infernos
nossos paraísos
Meia dúzia de homens lutam para manter as geleiras na Groelândia!
Milhões lutamos para o derretimento delas
- e o desaparecimento de muitas ilhas -
É intrigante não ser fato o contrário
Vivemos sonhando, ainda!
Fingimos descaradamente não saber o que fazemos
tão absortos estamos em nossos sonhos
de sobrevivência e grandeza
E nos embrenhamos vida a dentro!
Como se entrássemos na mata
esperando chegar - com vida ainda - ao outro lado dela
sem pensar no risco de sobreviver tendo água até as orelhas
Estamos assim, a gente decide e depois sangra!
Meados de maio, meados de junho
época de desova para as tainhas
época de pescaria farta para os humanos
Elas as tainhas não têm idéia do que as espera ao passarem por cá
ou têm, não as conheço, ainda!
O jardineiro Gabardo é um olheiro da tropa
é ele quem avisa da passagem do cardume
é ele quem tem o próprio nome fazendo jus ao evento
Uma questão de sobrevivência para os pescadores, ele me diz
Uma questão de sobrevivência para os peixes, eu lhe digo
Estão todos muito orgulhosos de si mesmos
Coisas de uma boa farra!
Eu, com o coração e vulva sangrando - cada um a seu jeito -
Deveria ter mais um coração - não tenho -
então preciso aprender com a loucura dos homens
e com essa saudade, asfixiante!
Já me preparando espiritualmente e à bagagem
É chegada a hora de levantar acampamento
migrar, ir ao sol!