entre-cabras
Não estou doente e não durmo /
resolvo contar carneirinhos /
o problema é que eles precisam saltar a cerca e simplesmente não o fazem //
Estão todos berrando aos meus ouvidos /
aí não durmo mesmo //
Por que estas criaturas simplesmente não se aquietam /
pretendo não mais contá-las //
Do outro lado da cerca centenas de cabras /
sob o olhar atento de um cabra
o guardador /
Cabra de montanha me ponho a observá-los /
desconfiada /
Os meus carneirinhos estão é com medo /
temem desaparecer em algum manejo sustentável /
devem ter lá suas razões //
Uma risada sonora vem da minha janela /
é o meu medo rondando /
quer tomar meu corpo e minha alma //
Não sou eu o seu algoz ele me diz /
é a sua coragem o seu martírio /
de tão grande é de causar espanto /
deixa que eu retorne ao me ter eu te protejo /
você é tão pequena /
mal sabe nadar /
nem conhece do mar /
desaprendeu a voar /
e está aprendendo a caminhar /
ainda //
A minha coragem de cansaço adormecera aos meus pés /
bem próximo às minhas certezas /
Preferi não acordá-las //
Meu sono entra pela porta da frente /
e eu nem fechei de todo a janela //
Nossos universos espirituais/
você abre uma fresta e entra sol prá tudo quanto é lado //