entre-cabras

Não estou doente e não durmo /

resolvo contar carneirinhos /

o problema é que eles precisam saltar a cerca e simplesmente não o fazem //

Estão todos berrando aos meus ouvidos /

aí não durmo mesmo //

Por que estas criaturas simplesmente não se aquietam /

pretendo não mais contá-las //

Do outro lado da cerca centenas de cabras /

sob o olhar atento de um cabra

o guardador /

Cabra de montanha me ponho a observá-los /

desconfiada /

Os meus carneirinhos estão é com medo /

temem desaparecer em algum manejo sustentável /

devem ter lá suas razões //

Uma risada sonora vem da minha janela /

é o meu medo rondando /

quer tomar meu corpo e minha alma //

Não sou eu o seu algoz ele me diz /

é a sua coragem o seu martírio /

de tão grande é de causar espanto /

deixa que eu retorne ao me ter eu te protejo /

você é tão pequena /

mal sabe nadar /

nem conhece do mar /

desaprendeu a voar /

e está aprendendo a caminhar /

ainda //

A minha coragem de cansaço adormecera aos meus pés /

bem próximo às minhas certezas /

Preferi não acordá-las //

Meu sono entra pela porta da frente /

e eu nem fechei de todo a janela //

Nossos universos espirituais/

você abre uma fresta e entra sol prá tudo quanto é lado //

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 16/06/2011
Reeditado em 09/07/2011
Código do texto: T3038608