OS MONSTROS

Levanto-me acabrunhado

Desejando não ter acordado.

O frio bate à janela

Forçando entrar

Mas a alma gélida

Não dá espaço.

Mas logo

Ao seu encontro irei

Saindo pela escada,

Abrindo a porta

E encarando o dia

Que rasga os edifícios

Arrastando o sol

Por detrás do horizonte.

Não muito longe

Me espera a faina

Obrigação servil

Pro sociedade

Que, sem respeito à vida,

Impõe-me a Morte

No seu showzinho maniqueísta,

... e deprimente.

E o sol agora

Já se inclina ao fim

De sua trajetória fadada...

E eu,

Seguindo sob o cabresto injusto,

Estupidamente me condeno ao silêncio,

Esperando que ao novo alvorecer

Possa renovar minhas energias.

Mas os monstros

Dos lagos desconhecidos

Continuarão famintos...

Sedentos de sangue, suor...

E lágrimas!