De Joelhos

Eu sempre soube.

Do fato, do ato

O veneno da cobra

O resto, a sobra

O pulo do gato.

Eu sempre soube, de fato

O olhar pro sapato

Ou a cor do cabelo

Um detalhe no dorso

Na dor do joelho.

Da com(par-ação)binação

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Do vermelho.

Agora tu vens de joelho

A pedir,

E acato a perdão.

A cato todo fato e separ-ato

Tu e eu, tu e não.

E os outros – nós no chão.

Eu sempre soube, de fato

Sutil e asqueroso lagarto

O por trás da intenção.

O teu olhar, hoje invenção

A procura do que não te fui

E todos os cachos, os achos

Que hão por aí, não sou eu

Eu, aqui.

Sempre soube - isso é fato

Não da verdade, aparato.

Que sempre ficou por trás.

Da cegueira visível

A premonição aos poucos desfaz,

E dá lugar ao saber que é nato

E que eu sempre soube

É que eu nunca soube nada,

De fato.

Natália Camargo Dutra
Enviado por Natália Camargo Dutra em 21/06/2011
Código do texto: T3047795
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