quentes demais

Minhas lagrimas são quentes

Saem de meus olhos a milhares de graus de temperatura...

Não caem logo se evaporam

E na minha alma se impregna uma eterna tortura...

Eu não sei chorar

A dor é demais, não gera berros, mais silêncios profundos

Você não me conhece

Mas é provável que se conhecesse

Ficaria triste de saber que há alguém

Que carregue uma dor assim neste mundo...

Por isso

Não queira me conhecer

É impossível

E toda vez que meu próprio ser me ver

Num plano d’água, num espelho caqueado qualquer

A imagem é sempre de me estremecer

Por que eu olho e observo o ser do outro lado

Indagando-me de como tem passado e chegado até aqui

Porque não desistiu ainda

E sem resposta

Viro-me, e dou mais uns passos, sem dizer nada,

Pensante, sempre calado...

E sabe o que acontece enquanto caminho por aí no mundo?

Às vezes tenho um desejo profundo

De ter companhia

Alguém para conversar

Mas minha idiossincrasia parece espantar e afastar as pessoas

Pessoas boas

E eu as compreendo de não terem paciência,

Vivência, entendimento, para dialogar

Eu me canso

Mas não demora muito, já pego a estrada

E quando tenho sorte

Depois de sol e poeira

Encontro-me à beira

De um lago,

Um aqui outro acolá,

Ou de um rio mais calmo

E então eu posso me notar

Eu posso dialogar

Em silencio, sim em silencio...

Um diálogo que gostaria de poder te contar

Entre mim e eu

Um aqui e outro lá na água a me olhar

Sem falar nada

Mas com certeza a me decifrar,

A me enigmar...

A confiar em mim

E a nunca me condenar...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 21/06/2011
Reeditado em 30/01/2013
Código do texto: T3049212
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