reaprendendo a voar
Não te afastes muito
ou te afastes, de vez, eu não posso
não ainda, estou presa
Não entendo, por que tu e não outro
Destes sentimentos como os paternais não é de se entender
é de se sentir eu sei mas, por que tu?
Tão convicta estive da minha prazerosa solidão!
Quem diz é a minha alma
O meu corpo conhece a temperança - no silêncio -
Estás tão próximo e tão longe
Nem sonhava que pudesse abrir assim meu coração
Nascida sob o signo de uma balança
Não há como pesar nem medir tal evento
Quando um pouco mais longe - ou mais perto - quem sabe!
Talvez não passemos de irmãos espirituais
Poetas somos seres muito esquisitos mesmo
Os doidos de loucura sana
Não é o que escrevemos que nos faz
É como vemos e sentimos
É o jeito como nos tocamos e ao mundo
Mas isto tão forte assim é de meter medo!
Cuidador, se estás a jogar saiba não estou disposta
a perder, nem tampouco a ganhar
Não passo agora de pequeno animal ferido
A tristeza vem abatendo a minha tribo
- e nós simplesmente não sabemos como ser tristes! -
Contudo lhe serei eternamente grata
através de ti reaprendo a voar!
E se não és o jogador o meu mais profundo respeito
e admiração, o meu amor - incondicional -
Pois que ainda penso poder eu estar em estado delirante
Sofrimentos intensos costumam provocar tais reações
Divago imaginando por quantas vezes li poetas cantando
em versos e prosa situação semelhante e eu
só conseguia entender tais poemas como delírios
de absinto!