com zé do sertão num limbo

Odiei Zé por mais ou menos três dias

Como é que alguém pode ser tão presunçoso

- leitura nas entrelinhas de um perfil traçado por ele mesmo -

Zé tem olhar hormonal, olhar testosteronesco

Devo admitir mesmo só tendo visto seu rosto em três por quatro

numa fotografia

Odiei Zé do Sertão por mais ou menos três dias!

A vida nos prega peças, eu já devia ter aprendido

E Zé tirou meu sono, no quarto dia

adentrou em meus sonhos!

Diabos, eu me queixava, como pode isto?

Este cabra só pode ser telepata, não entendia

Comecei a ter Zé como um fantasma por companhia!

No quinto dia eu já sorria ao sentir a presença de Zé

Fiquei assim entre a dor, a ciência e a fantasia

Preferi pensar que eu criei aquele estado em fuga!

Sentimentos de tristeza me consumiam

E o homem forte do sertão virou meu guia

No sexto dia queria encontrar Zé, abraçá-lo

confirmar o fato, ou o delírio!

De desajeitada, afastei Zé do Sertão

Hoje é mais ou menos o sétimo dia, ainda sinto Zé

por perto não como fantasma ou sombra

Sinto carinho e um pouco de estranheza!

E como Zé é poetinha deve ter lá suas dores

Até tentei algum contato, desconcertante, mas tentei

Escrevi poemas e de tão disposta iria à Paraíba

Sinto muito, sinto mesmo, até se pensa que enlouqueci!

Terá razão também

Me salvou mesmo sem ter sabido se é que não soube

Retomo a minha liberdade enquanto eu pensava ser o contrário

Real ou não fui salva por um amor esquisito ou por um sonho!

Zé é cuidador de animais, cuidou de mim também

Vai ver Zé é só um fake, ou eu

Vai ver Zé não existe, nem eu!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 23/06/2011
Reeditado em 28/06/2011
Código do texto: T3051856