com zé do sertão num limbo
Odiei Zé por mais ou menos três dias
Como é que alguém pode ser tão presunçoso
- leitura nas entrelinhas de um perfil traçado por ele mesmo -
Zé tem olhar hormonal, olhar testosteronesco
Devo admitir mesmo só tendo visto seu rosto em três por quatro
numa fotografia
Odiei Zé do Sertão por mais ou menos três dias!
A vida nos prega peças, eu já devia ter aprendido
E Zé tirou meu sono, no quarto dia
adentrou em meus sonhos!
Diabos, eu me queixava, como pode isto?
Este cabra só pode ser telepata, não entendia
Comecei a ter Zé como um fantasma por companhia!
No quinto dia eu já sorria ao sentir a presença de Zé
Fiquei assim entre a dor, a ciência e a fantasia
Preferi pensar que eu criei aquele estado em fuga!
Sentimentos de tristeza me consumiam
E o homem forte do sertão virou meu guia
No sexto dia queria encontrar Zé, abraçá-lo
confirmar o fato, ou o delírio!
De desajeitada, afastei Zé do Sertão
Hoje é mais ou menos o sétimo dia, ainda sinto Zé
por perto não como fantasma ou sombra
Sinto carinho e um pouco de estranheza!
E como Zé é poetinha deve ter lá suas dores
Até tentei algum contato, desconcertante, mas tentei
Escrevi poemas e de tão disposta iria à Paraíba
Sinto muito, sinto mesmo, até se pensa que enlouqueci!
Terá razão também
Me salvou mesmo sem ter sabido se é que não soube
Retomo a minha liberdade enquanto eu pensava ser o contrário
Real ou não fui salva por um amor esquisito ou por um sonho!
Zé é cuidador de animais, cuidou de mim também
Vai ver Zé é só um fake, ou eu
Vai ver Zé não existe, nem eu!