nós os pequenos
Ah! Quisera eu saber descrever a tristeza da tristeza
a angústia da angústia, a miserável sensação de impotência diante da mais dura, cruel e pura realidade, a morte!
Eu saberia reconhecer certamente a bondade da bondade
o amor do amor, a liberdade da liberdade, a sanidade da sanidade
Como não sei onde começa e termina nada, oscilo
entre todas sensações e sentimentos já catalogados
e invento outros, para facilitar ainda mais a minha ruína
E eu não abomino ninguém!
Arregalo os olhos e os meus ouvidos
cantarolo dia e noite
Não há pobreza entre verdadeiros miseráveis
há desperdícios e psiquês seriamente comprometidas
Não há miséria entre pobres, só um vazio incomensurável
no estômago e na alma!
Óh! Humanos! Consagram a si mesmos os sábios
Sábios doutores da doença, muitos, muitos, e nem sonham
em ser deveras curandeiros
Não passam de psicopatas em seus alvos aventais
São os meninos ainda brincando de vencer na vida
Enquanto outros adentram na justa não tão justa justiça
e se contentam em condenar e absolver os angustiados
pelo simples prazer da excelência retórica
e outros adjetivos menos louváveis
São os sociopatas com suas raras abotoaduras
São os especialistas, os cultos, presos em suas bolhas!
Há tolos por tolos os lados, uma infinidade deles
sabiamente treinados por outros tantos tolos
Tomamos o mundo de assalto, espalhamos verdades e pesticidas
Somos nós, os desesperados!
Circulando entre cultos e anfetaminas
Vivendo entre o prazer e a culpa
por termos aprendido a correr antes de conhecer o caminho!