nós os pequenos

Ah! Quisera eu saber descrever a tristeza da tristeza

a angústia da angústia, a miserável sensação de impotência diante da mais dura, cruel e pura realidade, a morte!

Eu saberia reconhecer certamente a bondade da bondade

o amor do amor, a liberdade da liberdade, a sanidade da sanidade

Como não sei onde começa e termina nada, oscilo

entre todas sensações e sentimentos já catalogados

e invento outros, para facilitar ainda mais a minha ruína

E eu não abomino ninguém!

Arregalo os olhos e os meus ouvidos

cantarolo dia e noite

Não há pobreza entre verdadeiros miseráveis

há desperdícios e psiquês seriamente comprometidas

Não há miséria entre pobres, só um vazio incomensurável

no estômago e na alma!

Óh! Humanos! Consagram a si mesmos os sábios

Sábios doutores da doença, muitos, muitos, e nem sonham

em ser deveras curandeiros

Não passam de psicopatas em seus alvos aventais

São os meninos ainda brincando de vencer na vida

Enquanto outros adentram na justa não tão justa justiça

e se contentam em condenar e absolver os angustiados

pelo simples prazer da excelência retórica

e outros adjetivos menos louváveis

São os sociopatas com suas raras abotoaduras

São os especialistas, os cultos, presos em suas bolhas!

Há tolos por tolos os lados, uma infinidade deles

sabiamente treinados por outros tantos tolos

Tomamos o mundo de assalto, espalhamos verdades e pesticidas

Somos nós, os desesperados!

Circulando entre cultos e anfetaminas

Vivendo entre o prazer e a culpa

por termos aprendido a correr antes de conhecer o caminho!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 25/06/2011
Reeditado em 24/07/2011
Código do texto: T3057048