ENTRE MIM MESMO

Estou aqui...

Não mais importante que o mais importante dos senhores,

Não menos importante que os anônimos inventores.

Estou aqui...

No silêncio do nada,

Dentro da casa morada.

Escrevendo meio que sem hora,

Meio que sem sofrer,

Apático do querer,

Mas me perguntando o porquê,

De não ser;

A voz de referencia diante das telas, das cores, das dores...

Por que as pessoas não vem onde estou?

Será que estou sempre de luto?

Falo, refalo;

Digo, desdigo

E não apresento uma idéia, que expresse o café,

Que faça loucura,

Que mostre à luz,

Que a alma de dentro é...

Se não uma confusão acústica,

De ignorância, cultura, dissonância e busca...

De sonho e realidade;

Talvez eu saiba o que é.

Um medo,

Que os muros das capitais impõem aos pardais,

Quando se tem gente demais...

O não saber se sabe algo para dizer ao mundo.

Talvez a minha timidez,

Em plena cidade,

Seja a ausência necessária dessa falta de identidade,

Dessa sinceridade de querer ser o que já sou e ainda não sei.

O mais certo nesse narcisismo é ver o coração viver a palavra e a vida.