SEM EIRA NEM BEIRA

SEM EIRA NEM BEIRA

Autor: Jaya Hari Das

De mil maneiras

Me faço um verso,

Me sinto um outro,

Me torno avesso.

Com mil asneiras

Me faço um bobo,

Me sinto afoito,

Me torno um tolo.

Ainda que eu queira

Não estou seguro,

Não me preparo,

Não me aturo.

A vida inteira

Não fui sincero,

Não fui eu mesmo,

Não fui nem quero.

Numa esteira

Deitei o meu corpo,

Virei de bruços,

Me fingi de morto.

Com a bananeira

Tentei outro filho,

Fiquei buchudo,

Pari sozinho.

Na cachoeira

Senti muito frio,

Tomei meu banho,

Nadei no rio.

Pela ladeira

Eu desci correndo,

Fui me ralando,

Fiquei gemendo.

Na capoeira

Sou bom de jogo,

Tenho o gingado,

Danço no jongo.

Com uma rasteira

Ganho na briga,

Bato sem pena,

Tenho minha figa.

Queira ou não queira

Sou filho-da-puta,

De uma rapariga,

Dessa prostituta.

Sem eira nem beira

Minha vida é uma luta,

Minha mão calejada

De tanta labuta.

“Sacode a poeira

E dá a volta por cima” –

É esse o meu lema,

É essa minha rima.

Vou p’ra zoeira

Tomando cachaça,

Por essa ingrata

Que me faz trapaça.

Lá na ribeira

Encontrei a Dorinha,

Beijei a danada,

Que estava sozinha.

Da ribanceira

Joguei o que eu tinha,

Pois faço o que quero –

Essa vida é minha

- Premiado com o 3º lugar, melhor intérprete, pelo Júri Técnico, no Festival Maranhense de Poesia "Joaquim de Sousa Andrade", São Luís-Ma. novembro/2010.

Jaya Hari Das
Enviado por Jaya Hari Das em 28/06/2011
Reeditado em 13/03/2013
Código do texto: T3062189
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.