Dom

De vez em quando,

Sinto-me como fada que perdeu o poder,

Esse meu novo poder de escrever!...

Mas quando o exerço,

Nem me lembro quem sou

Ou quem não sou!...

Ser fada às vezes enfada.

Desço ao nível de gente,

Que é sempre mais exigente,

E então vou criar filhos

Arrumar gavetas

Lavar pratos

Cozinhar

Costurar

Dar aula

Emprestar coisas...

Ou então tocar piano

Em semitom e semidom...

Aprendiz de fada...

Dessas que ainda vacilam,

Tropeçam,

E,inseguras,

Seguram-se na certidão-certeza

De não-servidão.

E quando se aprumam e se exprimem,

Têm a estrangeira expressão

De uma simples passageira

Que é deste mundo e não é,

E se faz entender,

Porque língua de fada é antes empática

E só depois telepática!...

Primeiro, é lugar do outro,

Pra depois ligar pra o outro!...

Enquanto não vem a que reduz,

Faz-se a comunicação como se fez a luz!

Canais abertos

Queluz

Vaduz

Corridas de avestruz...

Tudo num passe de mágica,

Hemorrágica sangria nos deuses

Que precisam doar sangue,

Porque já começaram,

E não podem parar!

Nós é que ficamos anêmicas

Por não os procurar!...

Ah! Visão de gente abafada,

Princípio de fada inacabada...

Ontem, um morcego rodou muito minha janela!...

Será mau agouro?...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 01/12/2006
Código do texto: T306335