BALANTAINNER

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A época era de ouro...

Junior, Betoca e Ginoca estavam brincavam na casa da vovó Nazaré sobre os seus cavalos de pau, digo as vassouras da cozinha, quais identificavam pelos nomes de Corisco, Silver e corcel. De gritos em gritos, revolver na cintura ou empunhados nas mãos defendiam os fracos e oprimidos contra os bandidos do fundo do quintal. Lá, entre as árvores, os jambeiros, a goiabeira, o coqueiro e o jardim de flores silvestres estavam o “bicho papão”, a Matinta e os mais perversos senhores do mal.Seguidos de perto pelo banheiro mal assombrado e a casa velha, onde eram guardados todos os pertences antigos da casa principal.

Após a escola, logo que a tarde descia e o almoço sentava um pouco, lá vinham os cavaleiros. Era um tal de bang, bang, tiros dos revolveres e pocotó, pocotó, trotes dos cavalos, que no seu divã a tarde adormecia na inocência romântica dos três cavaleiros.

Quando estava anoitecendo, num dos dias de travessura, antes que a vovó Nazaré acordasse da sesta da tarde, corriam até a sala e lá pegaram o whisky Ballantine, misturavam ao refrigerante garoto e como se estivessem num “salon”, salão de jogos brincavam de cartas, bebiam a bebida e fumavam com os fósforos.De um trago, a outro o whisky do tio Ademar ficou a quatro dedos.Preocupados, os meninos pensaram...

Como explicar, o inexplicável, não era possível, o jeito foi improvisar e os meninos, mais do que depressa tiraram o gás do refrigerante garoto e misturaram com o whisky encerrando-se assim a brincadeira.

No sábado, não contavam com o destino, tio Ademar convidou uns colegas para provarem o tão falado whisky, que sua filha Eliana, de Manaus, da Zona Franca lhe enviará. Radinho de pilha ao lado, camisa do clube vestindo o corpo e a ânsia fogueando a alma na antecedência do jogo do Remo contra a Tuna, numa decisão de turno.

Quando do primeiro gole, Manuel, embora sua larga reputação em bebidas disse: Esse é do bom, Ademar!

Interrompido pelo parceiro, senhor Carlos, que embora não conhecesse de whisky, queria mostrar e dizer aos amigos que era expert e disse: Como é gostoso!...

Ainda não havia provado nada igual. Realmente rapazes esse é um dos melhores que já provei. Você está de parabéns Ademar.

Tio Ademar sem muito conhecimento, empolgado pela adoração dos seus amigos replicou: Que nada!...Vocês é que são os bambas no quesito de whisky, eu apenas estou saboreando essa beleza que a minha filha de Manaus que me presenteou. E se os senhores falam, ta falado!

Com a vitória do Remo, time do coração, dos senhores, nem pensaram, era só alegria. Saíram para as ruas e tio Ademar, mais do que depressa, até com certo ciúme da garrafa deixou-a sobre a mesinha da sala, pois lá ele tinha quase a certeza de está bem guardada.

Tudo estava indo nos conformes,quando o Aldenir, o filho mais velho chegou da casa da namorada e viu repousando sobre a mesa aquele whisky, que ele cansou de beber com o seu cunhado em Manaus. Sem titubear se apossou e no primeiro gole a seco, reclamou. Caramba!...Esse whisky é falsificado. Está com cara de aguado, como se dentro fosse só refrigerante.

Minuciosamente foi verificar e chegou a conclusão que a garrafa era original, porém o conteúdo do whisky estava misturado com refrigerante.Contou para a sua mãe, que “macaca velha” imaginou que os meninos tinham algo a ver com o caso e chamou o Ginoca.

- Higino meu filho venha cá!...

Sem desconfiar o menino foi e quando pensou já estava sendo interrogado.

Só pelo olhar ele se entregou.

Tia Dina falou para o tio Ademar, que a principio riu ao descobrir que os seus amigos não entendiam era nada de whisky. Mas a tia Dina não perdoou os meninos, visto que eles não tinham idade para se envolverem com bebida alcoólica.

Nem era sábado de aleluia, mas mal começou o dia e os três mosqueteiros foram para o chuveiro. Depois de uma surra, nada mais refrescante que uma boa chuveirada.