O MENINO E A CHUVA

Na calçada, o corpinho nu

se contrai ante a torrente

que do céu desaba.

A água escorre fria

pelo corpo do menino.

Olhos assustados,

como duas pérolas negras

ao abrir da concha,

perdidos, à procura

de um refúgio.

A câmera do tempo

registra a sua nudez.

O que virá de

um homem

se estampa agora.

É como se o expor-se

garanta o latejar

de alhures.

O que mudou?

em que espaço/tempo o menino

se refugiou para

surgir o homem tentador,

debaixo de um aguaceiro

pela rua,

solitário,

intumescendo as

mil línguas?

Olhos assustados

como tição de um fogo

aceso

à procura de

uma ninfa

que registre

a sua nudez.

O homem já se estampa…

O latejar

pulsa

no corpo magro

e teso.

Um jato de quentura

como se surgido

de uma fornalha

queima nesse instante,

delirante!

*

Nota: IX Prêmio Literário Livraria Asabeça 2010

Antologia de Poesias (Juvenil/Adulto/Terceira Idade)

Rita de Cássia Amorim Andrade
Enviado por Rita de Cássia Amorim Andrade em 04/07/2011
Código do texto: T3075756
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