PARA KÁTIA ROSE PINHO E NINGUÉM MAIS

ao meu paladar

massas de gás não sabem

bem ou mal

a monotonia

secou-me os olhos

e os arranquei

órfão de sol

vivo um inverno

de sombras mudas

matei deuses

não fito firmamentos

buscando astros

ação tópica

sempre requerem

minhas feridas

dores não esperam

em filas

nem batem em portas

o primeiro verme

roía-me um pedaço

e já ressoava

o eco do réquiem

quando surtiram efeito

as sessões terapêuticas

poesias chegam

via sedex

mas não assino

quiser falar comigo

alugue outdoor

na avenida principal

[2008]

Poema em resposta a este poema de Kátia Rose Pinho:

"

PARA O EDMILSON E QUEM MAIS CHEGAR

Sentir o gosto de nuvem

Ter olhos gosmentos de vida

Escutar latejamentos de sombras

Ver espantamentos de estrelas

Requisitos básicos

Para desentulhar versos

Sem carecer notas de rodapé

[2008]

"