Putanação

Eu leio o que fora escrito para o vento,

Na linguagem do tempo e da poesia.

Tendo a liberdade descrita do tempo,

Com palavras que pediram alforria...

E por elas eu ouço a canção muda,

E a dança multiplicando meus sentidos.

Pois o canto da sereia há a quem iluda,

Quem por esses mares se pôs perdido...

E é dela que saboreio o beijo com sabor mágico,

O acre que provem de seus lábios.

Com um gosto de final trágico,

Jamais decifradas nestes alfarrábios...

Porque ali o anjo cruzou a porta,

E em silêncio por aqui ficou.

Um quadro de natureza morta,

Onde sua imagem se multiplicou...

São olhos azuis que já não vejo,

No escuro que sobrou da paixão.

Monstros que se tornaram desejos,

Em cruzes e estacas no chão...

Pois na linguagem do que era eterno,

Sobraram as cinzas forjadas ao aço.

E as palavras nas entrelinhas de meu caderno,

Onde em poesia, como homem me refaço.

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 08/07/2011
Código do texto: T3083224
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