Poema de confissão da moça feia
Sei que não sou bonita,
Que não trajo bem,
Que me olhando na rua
Não me amarias,
Nem me verias sequer
Ou talvez me desprezasses...
Por eu ser assim...
Sou sem formosura
E isso já o sabes
Desde que me vistes
Naquela tarde sombria
À qual chamamos
De primeira vez...
E eu te vi passar galhardo
Entre atenções e olhares
Todos tão conhecidos por ti
Alguns já possuídos, talvez,
E eu, desconhecidamente...
Te amei também...
Por que te queria eu
Se sou feia, se não posso ser tua?
Onde estariam os olhares
Se não houve sequer intento?
Mas eu te vi, e gostei...
Talvez por ser pobre
De juízo, de espírito, talvez dinheiro...
Mas te amei, meu Deus, como amei...
Te amei por seres belo
E por seres tão só...
Que queria compartilhar contigo
Do meu amar calado
Dos meus beijos que
Nunca encontraram um beijo
Queria compartilhar
De mim para ti...
Mas sou feia... e tu belo
Na infâmia de nascer assim
Esqueci de tudo...
Então vou amando desconhecida
Apenas nos olhos e no coração.
Não sei se devo esperar,
Não sei se o tempo te trará a mim.
Mas vou amando,
Te amando, te amando
Num amor tão belo
Que chega a ficar feio pra mim...