Em uma janela o fogo
Em uma janela
o fogo
O fogo daquela menina
predia olhares ladinos
E a mãe que gritava
_ Entra menina,
feche essa janelae vem cá
com Daniel seu pretendente!
A menina, infeliz,
olhava para a rua
e sonhava com a liberdade,
ela na praia entre dunas...
Os pais que forçavam o casório
desse menino aedo
que advogava para ricos,
que defendia fazendeiros.
A menina reclamava
pois não queria se casar
queira sim, conhecer, seu país,
morrer de tanto viajar...
E a mãe sempre se irritava
com a oposição da filha
melhor marido? Para ela não havia
por bem ou mal, esse casório aconteceria
Então resolveram que já era hora de marcar
a data da infeliz união
e a menina pôs-se a chorar
recusou-se a ir, para os detalhes acertar
Se trancou em seu quarto
e começou a rezar
pôs fogo no corpo
para infeliz alma libertar.
Na janela de seu quarto
parou de se debater;
caiu no parapeito da janela
com sua formossura a queimar.
Em uma janela, o fogo!
O fogo naquela menina
chamava atenção de todos
para sua triste sina.
A mãe a chorar, o pai a meditar;
o advogado apenas a consolar,
e a alma da menina a passar
por lugares que ela não ousara sonhar.