Em uma janela o fogo

Em uma janela

o fogo

O fogo daquela menina

predia olhares ladinos

E a mãe que gritava

_ Entra menina,

feche essa janelae vem cá

com Daniel seu pretendente!

A menina, infeliz,

olhava para a rua

e sonhava com a liberdade,

ela na praia entre dunas...

Os pais que forçavam o casório

desse menino aedo

que advogava para ricos,

que defendia fazendeiros.

A menina reclamava

pois não queria se casar

queira sim, conhecer, seu país,

morrer de tanto viajar...

E a mãe sempre se irritava

com a oposição da filha

melhor marido? Para ela não havia

por bem ou mal, esse casório aconteceria

Então resolveram que já era hora de marcar

a data da infeliz união

e a menina pôs-se a chorar

recusou-se a ir, para os detalhes acertar

Se trancou em seu quarto

e começou a rezar

pôs fogo no corpo

para infeliz alma libertar.

Na janela de seu quarto

parou de se debater;

caiu no parapeito da janela

com sua formossura a queimar.

Em uma janela, o fogo!

O fogo naquela menina

chamava atenção de todos

para sua triste sina.

A mãe a chorar, o pai a meditar;

o advogado apenas a consolar,

e a alma da menina a passar

por lugares que ela não ousara sonhar.

Nika
Enviado por Nika em 03/12/2006
Código do texto: T308623