Lá vai o Poeta

Lá vai o poeta

Despejar sua alegria

Numa tela avermelhada

Letra, luz, cantoria.

Quem vive das letras

Pode-se dizer que tem nas mãos o mundo inteiro

E cabe dentro de si, toda alegria

O que não cabe metade dentro do dinheiro.

Pega, cata o poeta

Uma letra encantada no ar

Mistura na curva de uma frase

E coloridamente irá se formar

Cata à direita uma palavra, que se une

Outro sentido se renova,

Cada lugar que uma palavra nova assume.

Trocando de lugar alguma que reprove.

Tantas regras, ordens e números

No seu lugar, cada qual,

E no fim, pra o sentido, ser o mesmo

E sempre igual:

- amor.

Que poesia não é feita desse princípio?

Logo, toda forma de sentimento

É um particípio: já está consumado.

Apesar de desconstruído

Apesar de alterado.

Amor é feito ordem,

Vive de imperativos.

Ao mesmo tempo desordenado,

Penso o segundo: afirmativo.

Queria viver sem as letras,

Talvez amar com linhas mímicas

Serão os gestos suficientes então...

Pra acabar com palavras cínicas?

O que devo utilizar?

Essa tal fala?

A qual, a mal, a bela escrita?

Às vezes me sinto um tanto quanto,

Impotentemente aflita...

E quando paro, penso, finda:

Amar ainda é a linguagem mais bonita

Natália Camargo Dutra
Enviado por Natália Camargo Dutra em 18/07/2011
Código do texto: T3102748
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