É a tua voz

É a tua voz que me levanta a alma,

mesmo quando dela sobram apenas rastos e ecos...

Mesmo quando do corpo se quebra a sombra e nada exista além de um eterno vazio.

É a tua voz que me dá as mãos, mesmo quando elas não trazem nada, apenas um pouco de cheiro a solidão, ou um resto de nuvem que me sobrou dos sonhos de ontem.

É esse grito silencioso que traz na garganta o meu nome, mesmo quando dos lábios não saiam nada.

São trajes de tempo

Tempo que se escoa num outro tempo que me passou

Vozes entre o céu e a terra que me assemelham a seres iguais a todos os outros seres.

É a tua voz, mesmo quando está muda e eu surda que oiço em madrugadas como esta!

Voz que chega entrelaçada no vento que bate e se esbate

embalada num abraço que me vira o corpo do avesso...

Aconchego-me e deixo-me ficar...

Não estou só!

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 06/12/2006
Código do texto: T311202