O poema é o meu grito
O poema é o meu grito.
O grito que desperta em mim
a vontade mais forte
de gritar.
Gritar bem alto
e fazer ouvir a raiva e a dor
por ter calado tanto tempo
a vontade amordaçada
que doía
nesta revolta interior.
Que importa que me algemem os pulsos
e me roubem o papel
onde verto a raiva nos versos do meu grito?!
Algemem-me os pulsos
algemem…
Prendam-me, encarcerem-me
que também me hão-de soltar;
mas não me amordacem
não me amordacem que eu não me deixo
por ninguém amordaçar.
Cortem-me as mãos, decepem-me…
Porque ainda que me tirem a possibilidade
de escrever o meu grito
não vão ter a possibilidade de me roubar
o fôlego que me vai na alma
o poema que trago nas veias
até que um dia o ponha na rua
e aos ventos da liberdade
o possa gritar.