coisa com coisa
Paralelo à rua da minha casa tem uma casa com asas
Se não for ela quem tem poderes sou eu
Com o meu olhar da invisibilidade a faço desaparecer
Num momento ela está lá e num outro ninguém a vê
Parece poço que é bem fundo, à parte se move inunda o mundo!
Nunca vi nada assim, até parece ser um mar
Só pode ser! Com braços longos e as suas costas largas
As gentes a admirar a sua força e beleza, sua nobreza
Onde já se viu, vai ver é a lua dos poetas não um satélite
O lado quando bate o sol tão quente é de se queimar
O outro lado enquanto isto é escuro e frio, de se congelar!
Como beber a água pura se uma parte ferve e a outra é dura?
Como alcançar o lençol se tão guardado nem circula
Mas e se como à lua quando olho parece cavaleiro domando dragões que já não causam mais estragos, não há mais o que incinerar
Então de onde virá toda fumaça e este tom acinzentado?
Claro, são as fábricas cuspindo lixo pelas suas chaminés
Já nem me lembro mais do cheiro natural do mundo
Agora fede tudo e estes perfumes não enganam minhas narinas
E todas estas flores nestes vasos só adoçam os olhares sem olfato
Fingem a cena, escondem hálitos e hábitos e o odor dos seus bueiros
Das descargas nos banheiros públicos, onde há sempre algum
estúpido insistindo em deixar seu nome, e a marca dos seus dedos
com bosta e urina ainda, nas paredes recém pintadas!