coisa com coisa

Paralelo à rua da minha casa tem uma casa com asas

Se não for ela quem tem poderes sou eu

Com o meu olhar da invisibilidade a faço desaparecer

Num momento ela está lá e num outro ninguém a vê

Parece poço que é bem fundo, à parte se move inunda o mundo!

Nunca vi nada assim, até parece ser um mar

Só pode ser! Com braços longos e as suas costas largas

As gentes a admirar a sua força e beleza, sua nobreza

Onde já se viu, vai ver é a lua dos poetas não um satélite

O lado quando bate o sol tão quente é de se queimar

O outro lado enquanto isto é escuro e frio, de se congelar!

Como beber a água pura se uma parte ferve e a outra é dura?

Como alcançar o lençol se tão guardado nem circula

Mas e se como à lua quando olho parece cavaleiro domando dragões que já não causam mais estragos, não há mais o que incinerar

Então de onde virá toda fumaça e este tom acinzentado?

Claro, são as fábricas cuspindo lixo pelas suas chaminés

Já nem me lembro mais do cheiro natural do mundo

Agora fede tudo e estes perfumes não enganam minhas narinas

E todas estas flores nestes vasos só adoçam os olhares sem olfato

Fingem a cena, escondem hálitos e hábitos e o odor dos seus bueiros

Das descargas nos banheiros públicos, onde há sempre algum

estúpido insistindo em deixar seu nome, e a marca dos seus dedos

com bosta e urina ainda, nas paredes recém pintadas!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 26/07/2011
Reeditado em 08/08/2011
Código do texto: T3118813