HISTORINHA DE CORDEL
(Árvore genealógica)
1
Não sei se por egoísmo,
Ou puro zelo materno,
A minha mãe me guardou
Na quentura do seu ventre,
Tantas luas, nem seis quantas,
Desde semente pequena
Até ser tudo o que sou.
Cresci em dolce far niente.
Alimento a tempo e à hora,
Nunca chorei pra comer.
2
No meu lago de ternura
Reinou profundo silêncio,
E nunca a luz indiscreta
Meus olhinhos perturbou.
3
A espera foi ansiada
Por corujosos parentes.
4
Agora que já nasci,
Dificuldades à vista,
Para mim e para todos:
Mamar, chorar, exigir,
Lavar, cuidar, acordar,
Vão ver o que é bom pra tosse.
5
Avós maternos não tenho
Neste mundo da matéria,
Mas lá no céu do Senhor,
Estão sorrindo pra mim,
O meu avô Casimiro
E a minha vovó Isaura,
Com seus olhinhos molhados.
6
(Vovó deixou sua irmã
Para bem representá-Ia:
A tia-avó Esmeralda,
Campeã da simpatia).
7
E, quanto ao lado paterno,
Viva, tenho a vó Delmira,
Mãe de meu pai, já velhinha,
Que vou conhecer em breve
(Longa vida lhe desejo!).
Mas meu avô Manoel,
Conhecido por "seu Gomes",
Reside no céu há muito
(Morreu aos cinqüenta e quatro).
8
E daqui desta distância,
Grande no espaço e no tempo,
Eu Ihes peço a sua benção.
9
Ah! tios, tenho bastantes
E bem vivinhos da silva.
Pelo papai, uma apenas:
A minha tia Edenirces,
Conhecida por Nicinha,
Com seu esposo Roberto.
10
Pelo lado da mamãe,
Tenho uma penca de seis,
Que já vou enumerando,
Com suas caras-metades:
Ivanê com Alverina
(São os pais de Célia e Sônia,
Irmãs gêmeas diferentes);
Tio Mário com Yedda
(Ele é o pai da Izaltina
E também pai do Mirinho);
Tia Ivone com Getúlio
(Estes dois, os mais chegados,
Sinto que serão pra mim
Os avós substitutos,
Que já escolhi desde agora
Pra padrinhos de batismo;
São pais do Paulo Roberto,
Que é casado com Rosane,
Estes já escolhidos
Para padrinhos de crisma);
O tio Luiz com Ana
(Pais do Júnior e Marco Aurélio);
O tio Waldyr com Vera
(Pais de Alexandre, Maurício
E também da prima Flávia);
Afinal, tio Carlinhos,
Casado com Wilsolina
(Ele é o pai do Luiz Carlos).
11
Vai destaque especial
Para a querida Marina,
Da mamãe prima e madrinha,
E que foi cupido forte
Entre mamãe e papai,
Quando os dois se conheceram.
No dia seis de janeiro,
Em festa na casa dela,
Donde vem toda essa história...
12
Irmãos são cinco, contados
Nos dedinhos desta mão:
O mais velho é o Alexandre,
Mais César, Tadeu, Ricardo.
Vice-caçula é o André,
Rapaz de seus cinco aninhos
E que vai crescer comigo.
13
Neste álbum de família,
Eu tenho a coroa e o cetro
Que a caçulice me dá,
Pois sou neném majestade,
Qual no dito popular.
14
A mamãe tem olhos grandes
(Pra coruja falta um pouco),
E o papai, mais pra vovô,
Logo vou botar no bolso.
15
Bem, já falei demais.
Mas tenho a certeza agora
Que todos já me conhecem.
16
Meus pais, Eliana e Cleverson,
Consideram-me a criança
Mais linda do mundo todo,
Cara do pai ou da mãe,
No gosto do visitante.
17
Eu moro na Asa Norte,
Na Capital Federal,
Quadra 308,
Bloco "B" de Benedito,
Quarto andar, número 8,
Onde estarei suas ordens,
De quem quiser visitar-me,
Se não estiver mamando.
E assino meu nome:
Érica.
(In "Eventos e Loas", no prelo)