Servidão
Elane Tomich
Afasta-se de mim a janela
em perdição de paisagem
onde, estática miragem,
vigio as idas da vida.
À certeira distância
de uma blasfêmia e meia,
marco de uma cusparada
de fumo de rolo mascado,
uma careta comprida
encena uma risada amarela.
É esta a exata circunferência
da minha liberdade.
O homem que me põe peias
monta-me as indecências
com promíscua inocência
e rasga-me a alma qual sabre
Ele também nada sabe
das finezas da vontade.
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