Soneto Esperança
Do mar ao largo o que houver,
Suave têmpora ou rude golpe
(E sejas tu ao que vier),
Não tem amarra ou chicote
Que te prenda ou ofenda;
Traça teu rumo como ao primeiro,
Aceita-o como a uma oferenda,
E sê tu teu próprio companheiro.
Porque ter asas e não voar,
Pôr no longe o que perto está,
Ser a sorte que só ela dá,
É caminho que não se sente,
E andamos assim, como a gente,
A fingir caminhos, p'ra andar.
Jorge Humberto