de antropofagias
acordamos cedo, eu e o meu instinto predador
no cardápio as iguarias me consomem
com os olhos, uns com gosto outros com fome
de um jeito ou de outro querem me comer, também
com os dentes, com os dedos, garfo e facas
desfiar minha carne, tomar meu sangue, todo muco
sorver meu humor, sugar minha alma, e a calma
o mundo ficou maluco, não há mais o que caçar
cacemos homens, o mais perfeito, o mais sagaz
de todos os animais, os tiremos dos viveiros e
os coloquemos em outro menor, ou maior
estudemos o tamanho e natureza da caça
façamos o mesmo feito aos outros comensais
depois voltemos tranquilamente ao leito
alma limpa, sono solto dos justos, iguais!