um denominador comum

Se resolvesse entrar em erupção de fato

o estrago seria maior do que já está feito?

Cães de Kerouac sentem o cheiro e me perseguem

Mudo para o telhado prego a existência de Deus e o domínio da razão

Bruxos e duendes existem mesmo, falasse a língua dos matemáticos teria enchido páginas mais páginas com teoremas!

Falo a dos poetas, rabisco versos, sinto, descabelo-me, volto a fumar

Passo um bom tempo olhando o cigarro aceso entre os meus dedos

Fumo incinerado não é para se tragar

Vejo a pequena tocha sem chamas sendo sugada, reavivada pelo pajé clareando, espantando insetos e maus espíritos

aquecendo rosto e mãos! Movo meus lábios...

Sorrio, de um jeito ou de outro sempre enlouquecemos

Um par de chinelas azuis me espera na beira da cama

Não o calço, ando com meias brancas sobre o chão empoeirado

A esta altura só ouço o som dos meus próprios passos indo

em direção ao banheiro, água do chuveiro escorre feito cachoeira

O vaso sanitário me parece a invenção mais genial

Não sei por quanto tempo fico guardada ali

Sentindo o cheiro da minha própria merda naquele santuário!

Não passamos de ser isto, uns cagões

Mesmo tendo desenvolvido tantas habilidades

Ainda é o melhor que sabemos fazer nesta vida!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 04/08/2011
Reeditado em 29/10/2011
Código do texto: T3139405